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Uma singela homenagem....




Salve Adão Alves de Oliveira, para sempre REI LELÉ! 

com a colaboração de Jeanice Dias Ramos, jornalista

O Rio Grande do Sul perdeu uma estrela  da Cultura Popular. Adão Alves de Oliveira – Seu Lelé – partiu na madrugada do dia 17 de julho deixando órfão o mundo do Carnaval de Porto Alegre .
Ainda menino, na década de 30, conheceu o Carnaval de Porto Alegre, que  era realizado em cinemas – como o antigo Capitólio, onde se apresentavam os blocos carnavalescos. Em 1931 assistiu a um concurso do qual participavam, entre tantos outros, Passa Fome, Tesouras, Tigre, Tesourada, Borboleta e Chora na Esquina. Ficou encantado!
Seria na década de 40 que seu Lelé entraria definitivamente para a história do Carnaval. Em uma tarde monótona de fevereiro de 1949, enquanto conversava com amigos numa esquina do Areal da Baronesa teria comentado a intenção de criar um personagem, que deveria ser alguém muito simpático e que conquistasse a todos, principalmente os comerciantes, visto que a intenção, também, era de beber de graça.
Adão Oliveira nos anos 1940
 
Foi preparada uma fantasia meio improvisada, com uma coroa de papelão. E o grupo saiu pelas ruas. Lelé acabou sendo aclamado o Rei Momo do Carnaval do Areal da Baronesa, um dos mais fortes da cidade. E, mais tarde, o Primeiro Rei Momo Negro de Porto Alegre. (1)

Seu Lelé teve também experiência no futebol de campo, nos times Força e Luz e Nacional. Trabalhou como contínuo em diferentes bancos e na Livraria do Globo. O registro oficial de sua idade marca 88 anos, mas acredita-se que tenha sido registrado já com alguns anos.
Ele tinha o porte e a atitude de um rei que a gente sonha que algum dia existiu na nossa Terra Mãe Africa. A fala calma, no olhar o brilho da juventude eterna. Bom contador de histórias, não havia quem não ficasse envolvido por suas narrativas de outros carnavais.
 

A coroa de papelão, pintada de dourado ficou para sempre impressa na memória coletiva do povo do Areal da Baronesa. 
Lelé com seu porte altivo e seu olhar de menino representou uma vitória do carnaval de rua, realmente protagonizado pelos negros no século passado. 
Agora, tal como desse Carnaval autêntico que acontecia por aqui, espaço de afirmação e preservação de nossa Cultura, ficou a imensa saudade do Seu Adão, nosso eterno Rei Lelé.
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1)Matéria do DiarioGaucho publicada em agosto de 2000
No dia do casamento com Dona Eni
 a companheira de toda vida
 


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